quarta-feira, 20 de maio de 2009

Maria era uma mulher normal. Sim, normal durante 21 dias do mês. No outros nove? Nem queira saber.
Conheci Maria na fila do banco. Lá estava ela, cabelos soltos, uma blusa branca de botão como quem voltava do trabalho. Linda.
Era a última sexta-feira do mês, lembro-me como se fosse hoje: O banco lotado, gente saindo pela culatra na fila de pagamentos. Isso sempre acontecia comigo, de deixar as coisas pra última hora. Porém, como todo mundo, não admitia a culpa e a atribuía aos “Brasileiros”. Pensava comigo mesmo ao abrir a porta do banco e avistar aquele fuzuê todo “ Brasileiro deixa tudo pra última hora, que saco!”.
Eu não era Brasileiro naquela hora. Era uma pessoa muito compromissada que só arranjara tempo para os pagamentos naquele dia. Mas vamos voltar a falar de Maria...
Quando entrei na fila, notei que havia uma certa confusão, pois o caixa preferencial não estava funcionando, e as pessoas não estavam respeitando a ordem de preferências. Uma senhora tentou passar na frente de todos e levou um “NÃO” coletivo.
Que maldade! Pensei comigo. Mas por outro lado, achei até bom, pois estava chegando a minha vez de ser atendido e eu estava cansado e estressado como nunca. Ornofre, meu chefe, me enchera a manhã inteira com reclamações. Foda-se o Ornofre!
De repente, escuto uma voz se destacar na multidão:
- Isso é um absurdo! Essa senhora tem preferência, deixem-na passar na frente! Onde está o bom senso de vocês?
Era Maria. Linda. Apaixonei-me naquele instante. Que mulher sensível, quanta bondade no coração. É com uma mulher assim que quero me casar, pensei.
Maria conseguiu que a senhorinha passasse na frente de todos, a contragosto de alguns, diga-se de passagem.
Na saída do Banco, cruzei com Maria na calçada, e ainda meio sem jeito, a convidei pra sair. Para meu espanto, ela aceitou. Não que eu fosse feio, mas ela era daquelas Mulheres-incríveis-que-jamais-sairiam-com-você, compreende?
Porém, disse docemente que passaria o fim de semana com a mãe doente em uma cidadezinha do interior. Que mulher bondosa, quanta ternura em uma só criatura! Pensei mais uma vez.
Combinamos o encontro para a semana seguinte, e eu mal podia esperar.
Eis que chegou o grande dia. Iria conhecer mais a fundo aquela mulher maravilhosa, diferente de todas que já conheci. Nessa hora, lembrei de Valdete, minha ex-mulher. Aquela filha do cão. A insuportabilidade em pessoa. Devia tomar umas aulas com Maria, pensei.
Às 21:00, hora combinada, passei no prédio de Maria. Esperei 10 minutos, como de costume com todas as mulheres. E Maria não apareceu. Resolvi, então, ligar para seu celular:
- Alô, Maria?
- Quem é? - Disse Maria com uma voz raivosa.
- Oi Maria, sou eu, Roberto. Estou ligando só pra te avisar que já estou aqui embaixo do seu prédio!
- Puta merda! Saí de cima da minha roupa Willy! (Willy era o gato dela, soube disso posteriormente.)
- Alô, Maria? Tá me ouvindo?
- Claro, não sou surda. Já to descendo.
E desligou na minha cara.
20 minutos depois, Maria apareceu. Estava linda, parecia um anjo. Entrou no carro e disse:
- Desculpa pela demora...
- Não tem problema nenhum, Maria. Por você, esperaria todo tempo do mundo!
- Como assim, “por mim”? Você tem outras, é? – Disse Maria com uma voz dura.
- Não, não. Quis dizer que por você vale a pena esperar.
- Ah, sim! Porque se você fosse casado eu já ia pular fora do carro.
E partimos em direção ao restaurante. Nem podia acreditar que estava com Maria, aquele doce de mulher, tão diferente das outras...
Ao sentarmos na mesa, tentei puxar conversa:
- E aí Maria, como foi seu dia?
- Não teve nada de interessante. A idiota da manicure me arrancou um bife, derrubei café na blusa, discuti com minha irmã...
- Hum... foi? Que pena! Meu dia também foi meio ruim, meu chefe me cobrou uns relatórios atrasados...
- Roberto, você me chamou aqui pra falar de trabalho? Acho que não, né? – Disse Maria em um tom irônico.
Maria estava diferente. Onde estava aquela mulher doce e bondosa que conheci?
O garçom chegou, e me indicou seus melhores vinhos, dando-me um cardápio de sua adega.
- Vocês homens são todos iguais! Por que você deu o cardápio de vinhos apenas pra ele? Quanto machismo! E nós mulheres, não bebemos não, é? Onde estão nossos direitos? - Berrou Maria.
- Senhora eu já vou entregar o seu e...
- Senhora o cacete! Vocês homens só querem pisar em nós mulheres!
Envergonhado, o garçom se retirou. Consegui acalmar Maria por alguns instantes. Sim, por alguns instantes.
Depois de um tempo, nosso jantar foi servido. Ao dar a primeira garfada, os olhos de Maria se encheram de lágrimas.
- O que houve Maria, por que está chorando? Perguntei.
- Esse peixe... está igual ao que minha vózinha fazia! Ai que saudades da minha avó, quantas coisas boas eu vivi com ela, que mulher incrível...
E caiu no choro. Maria chorou durante uns 30 minutos e nada do que eu fiz ou falei adiantou.
Pedi a conta. Quando o garçom se aproximou da mesa, Maria segurou a mão dele e, em prantos, pediu desculpas pelo ocorrido:
- O senhor me perdoe, por favor! Não devia ter gritado daquele jeito! Mas é que eu tenho um trauma de infância e...
Maria não parava de falar. E de chorar.
Que merda estava acontecendo? Já estava perdendo a paciência. Cadê a mulher maravilhosa e doce que conheci?
Deixei ela em casa. Maria notou minha estranheza:
- O que você tem, Roberto? - Disse ela ainda enxugando as lágrimas.
- Nada não, Maria. Apenas achei estranha a forma como você se comportou hoje.
- ESTRANHA POR QUÊ? O que você tá insinuando com isso? Só porque eu não dei pra você no primeiro encontro? Vocês homens são todos iguais, uns ridículos! Eu já deveria esperar que com você não seria diferente!
- Maria, não coloque palavras na minha boca, eu não quis dizer isso...
- Ah, quis sim! Faça um favor: Não me procure mais!
E desceu do carro. Que mulher maluca!

Uma semana depois, meu telefone tocou:
- Alô, Roberto? É Maria...
- Oi, Maria! Tudo bem com você?
- Tudo ótimo e você?
- Tudo bem também.
- Roberto, gostaria de me desculpar pela semana passada, é que eu estava de TPM e...
- Estava com o quê?
- Tensão Pré Menstrual...

Desliguei na cara dela. Lembrei de Valdete, filha do cão. Maria não era diferente, lamentei. Filha do demônio! Odeio a TPM. Odeio as mulheres na TPM.


Escrevo esse post em comemoração aos mais de 570 cliques recebidos por este Blog! Obrigada por ocuparem o tempo de vocês lendo as besteiras que eu escrevo! hahaha.
Até a próxima!

6 comentários:

Laura Teresa disse...

Manaa!! Amei sua crônica!
Ri muito! Não tenho costume de visitar muito isso aqui. Porém, o farei com mais frequência, gostei muito!
Voto no papel do tamanhão de um jornal!

Nada de cortes!


BjO!

Larissa Lima disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


venho, por meio deste, dizer que adorei! huhu muito bom, manaaaa


e... nossa, tou escrevendo agora e vendo o post da laura, com a foto super seskici de perfil... uhhuhuhuhu que sedutora... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Tiago Nogueira disse...

Aaaaha, muito, muito, muito bom! Simplesmente adorei sua crônica [meu comentário saiu um pouco aviadado mas creio que externe bem o que estou pensando =x]


beijoo, lari! =D

Bruno César disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
mt bem narrado, Lary.. parabéns :)

beijos



BC

Diones Franchi disse...

Oi! Meu nome é Diones! Sou jornalista e achei seu blog. Gostei. Meu blog é www. dionesfranchi.zip.net, esta convidada a acessar! Beijos

Luminosidade. disse...

hahahahahahaha...
é nossa sintonia, cara companheira!
:**