segunda-feira, 15 de abril de 2013

- Chegou a hora de você ir.

- Mas eu tenho medo de voar - respondeu o pássaro.

- Não tenhas medo, pássaro - retruquei - você tem asas para isso.

- Mas eu esqueci como usá-las.

- Não tenhas medo pássaro - insisti - você tem asas para isso.

- E se eu não conseguir? Ah, tenho tanto medo de voar.

Abri a gaiola, peguei-o em minhas mãos e o ergui para o alto. Era fim de tarde e a brisa suavemente fria vinha nos mostrar que o outono realmente já estava por aqui. Olhei para o pássaro e percebi que, se antes tremia, agora admirava o entardecer com um brilho inocente nos olhos, como quem acaba de descobrir uma coisa nova.

- Voa pássaro - disse eu, abrindo a mão esquerda para que ele pudesse abrir vôo.

- Mas eu tenho medo de voar.

- O medo nos faz covardes, pássaro. Você, por ser pássaro, é diferente de todos os outros e possui o que muitos almejam desesperadamente. Não deixe a chance passar por conta do medo.

Ele olhou para mim, olhou para o horizonte e voltou a olhar para mim. Fiz um sinal com a cabeça e abri a mão direita.

- Estou voando, estou voando! - disse o pássaro já no ar.

Sorri de volta e acenei um adeus.

- Voa pássaro, você tem asas para isso.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Não se preocupe com o fim. Deleite-se com o início, aproveite o durante. Não dê valor para o fim.

Vivemos de planos, sonhamos com o futuro, e esquecemos que, quase sempre, é quando os nossos planos não dão tão certo assim que a maioria das coisas boas aparecem nas nossas vidas.

Não nos damos conta de que o inesperado sempre nos pega com mais força, atinge o mais profundos dos nossos sentimentos. Planos, sonhos, vontades previamente imaginadas não têm tanta graça quanto o inesperado, o improvável.
E é justamente quando estamos despreparados que fazemos as coisas mais legais, descobrimos os lugares mais interessantes, conhecemos as pessoas mais incríveis.

Então, não se preocupe com o fim. Aliás, eu diria até para que você pare de “procurar” as coisas. Viva. Aproveite as pessoas que cruzam seu caminho, mas lembre-se que elas não pertencem a você. As pessoas são delas mesmas e olhe lá. Aprenda, ria, dance, chore, beba, compartilhe com elas. A vida é efêmera e nós não controlamos o tempo que irão durar as nossas relações.

Deleite-se com o início, pois essa sem dúvida é a melhor parte. Aproveite o durante, é ele quem importa. Não se preocupe com o fim.



Esse texto foi fruto de uma insônia mal resolvida. Como sempre!
Sinto saudades de publicar meus delírios de uma noite de verão. (?)
OI? Tchau! :)

sábado, 8 de maio de 2010

"Quem somos nós" - Física quântica

Então pessoas, resolvi postar uma parte do trabalho que fiz sobre física quântica. Não, não é brincadeira! (Ai você pensa, e essa moçoila sabe lá o que é isso?). Confesso que só sabia por alto, maaaas, precisei ler sobre o assunto para fazer o bendito trabalho da faculdade e me surpreendi com as coisas que aprendi. Realmente, todas essas ciências que abordam temas que vão além do 'poder de conhecimento humano' me atraem muito.


Ao assistir o filme “Quem somos nós”, documentário lançado no ano de 2004, dirigido por William Arntz, Betsy Chasse e Mark Vicente, o espectador se depara com situações e crenças totalmente novas, diferentes de todo um padrão conhecido por todos. Trata-se da física quântica, conjunto de teorias que incluem os fenômenos da estrutura íntima da matéria: partículas com probabilidades e possibilidades. Ou seja, de acordo com essa teoria, o modo como observamos o mundo que nos cerca é a escolha da realidade na qual desejamos estar inseridos, mesmo que isso seja de difícil compreensão.
Toda essa idéia parece soar meio complicada, uma vez que o ser humano foi condicionado a crer que o mundo externo é mais real que o interno. E durante todo o filme, somos questionados sobre nossas crenças, sobre o que realmente conhecemos, sobre o que é real e o que é irreal.
A protagonista do filme passa por diversas descobertas acerca da realidade que sempre acreditou, e vivendo novas experiências, percebe que ela mesma é capaz de dominar suas emoções, de escolher o que é melhor pra ela, tornando-se ela mesma ‘responsável’ pela própria vida, e não mais uma mera vítima das circunstâncias impostas pelo universo.
Paralelamente à história da personagem principal, o filme apresenta o relato de diversos estudiosos da área da física quântica, que explicam como essa teoria pode mudar a idéia que temos do mundo como conhecemos. Essa ciência moderna vem nos dizer que o que acontece dentro de nós é o que vai criar o que acontece fora.
A construção da realidade da forma como a vemos, seguindo os preceitos da física quântica, depende de como acreditamos nas possibilidades. E como essas possibilidades estão acontecendo simultaneamente, quando focamos a nossa atenção para a realidade, apenas uma dessas possibilidades é concebida como real para que possamos experimentá-la como experiência de vida. Então, o debate trazido pelo filme nos faz refletir sobre a forma como enxergamos a vida e de que modo construímos o que, para nós, é real.
Mas, se tudo é mesmo assim, surge uma indagação: porque então não vivemos em um mundo cor-de-rosa, já que nós mesmos somos ‘responsáveis’ por ele? E aí chegamos ao ‘x’ da questão. O problema é que, enquanto aprendemos a viver neste mundo, com uma visão mecanicista, de que tudo acontece independentemente de nós, vamos nos condicionando e perdemos a fé naquilo que achávamos que podia ser possível. E, devido às nossas dependências emocionais, acabamos repetindo padrões indesejados, achando que, apesar das infinitas possibilidades de escolhas que temos, não possuímos a capacidade de rumar para o diferente. E, como conseqüência, passamos a nos repetir indefinidamente.
Então, e ainda de acordo com a física quântica, é possível acreditar na idéia de que, se desejarmos algo intensamente, a ponto de perdermos a referência de quem somos, e nos tornarmos o desejo em si, o novo pode emergir em situações totalmente inusitadas e nós teremos o ‘controle’ da construção daquilo que vemos e viemos.
Será mesmo?

sábado, 28 de novembro de 2009

Eu era apaixonado por aqueles pezinhos. Tão macios, tão delicados. Os dedos eram redondinhos e as unhas bem tratadas. E eu, pobre refém de tamanha beleza, não conseguia parar de fitá-los, desejá-los e acariciá-los.
Quem não gostava muito dessa última parte era Silvia, que sempre repetia enquanto eu tinha um ataque-de-loucura-pelos-seus-pés:
- Que saco! Você não desgruda do meu pé, Matheus! – respirava com certo ar de superioridade e continuava – Literalmente!
Eu e Silvia éramos casados há cinco anos e, embora minha paixão por seus belos pés continuasse viva, nosso casamento não ia lá essas coisas. Silvia tornara-se chata com o passar do tempo.
Lembro-me como ontem do dia em que a conheci. Ela era jovem, bem-humorada, divertida e desenvolta. Putz, como eu admirava a desenvoltura nas mulheres! Mal nos conhecemos e a afinidade já acontecera. Namoramos dois anos e quatro meses, e casamos sem nem ao menos noivar antes. Não queríamos esperar.
O primeiro ano do nosso casamento foi maravilhoso. Vivíamos numa constante lua-de-mel: sem brigas, apenas o desejo predominava. Foi nessa época que desenvolvi essa minha paixão pelos pés de Silvia.
Quando fazíamos amor, seus pés se misturavam aos meus de tal modo que um sentimento enorme de bem querer invadia-me o corpo, e eu só pensava no quanto amava aquela mulher. Bons tempos..
A partir do terceiro ano de casamento as coisas esfriaram. O trabalho me consumia. Silvia mal parava em casa e tudo era motivo de desconfiança.
Hoje, temos cinco anos de casados e já passamos por diversas crises. Silvia trabalha feito condenada e, mesmo com seu esforço, ainda não conseguiu a promoção que tanta almeja. Isso a deixa profundamente amargurada e ela termina descontando as frustrações no nosso casamento. Há dias em que eu tenho que me segurar para não mandá-la pro inferno, fazer minhas malas e dar no pé.
Aquela menina alegre e cheia de sonhos deu lugar a uma mulher fria e amarga. Incrível como o tempo transforma as pessoas. A única coisa que permanece igual são seus pés. Lindos.
E, por mais que as circunstâncias me mostrem o contrário, eu ainda insisto em acreditar que a dona daqueles pezinhos é a mulher por quem eu me apaixonei um dia.
Olho pra eles e sei que não estou enganado..





Perdoem-me pela ausência. Tentarei ser mais organizada e atualizar este blog com mais frequência. (Olha só, até rimou..)
Sobre o texto, acordei no meio da noite para escrevê-lo. Às vezes, acho que sou louca. Às vezes, tenho certeza!

Até a próxima!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Eu não queria assustar ninguém com minhas loucuras, juro. Mas, de uns tempos pra cá, tenho agido menos, observado mais, e consequentemente, colocado tico e teco em situações nada favoráveis. Venho tentando entender algumas coisas, buscando as razões de tantas outras, enfim, complicando minha vida.
Os seres humanos são estranhos, e não é à toa que milhões de estudiosos elaboram teses e mais teses sobre o comportamento de nós, ilustres figuras bizarras que habitam o bom e velho planeta terra.
Eu parei pra pensar e cheguei à conclusão de que, se não estou louca, estou perto.

“Só é possível conhecer, seja o que for, quando se está distante”. Ouvi isso na aula de autopoiésis, ministrada pelo querido professor Gusmão. A princípio, eu não entendi muito bem, mas agora faz todo o sentido. Explicarei: Segundo a teoria da autopoisésis (Niklas Luhmann), não é possível conhecer nada como de fato é. Primeiro, porque as coisas que vemos e conhecemos são “cortes” feitos pelos nossos sentidos, tipo olho, ouvido, etc. Sem contar que, querendo ou não, o que a gente observa é absorvido por nós de uma maneira, e essa maneira pode ser diferente em outrem.
Segundo, quando estamos próximos ao que desejamos conhecer, não conseguimos fazê-lo, seja por envolvimento, seja por fazer parte do mesmo contexto e não conseguir analisar de forma distante. Ou seja, o ser humano nunca vai conseguir de fato decifrar os seres humanos, uma vez que está inserido na bagaceira.
Isso tá uma loucura né? Mas vou dar um exemplo básico: Quantas vezes nos relacionamos com pessoas, sejam amizades ou paixões, e não enxergamos coisas óbvias, que posteriormente, após certo afastamento, passamos a enxergar? Quantas vezes não pronunciamos a velha, e sempre clichê, frase: “Convivi tanto tempo e agora vejo que não conhecia essa pessoa!”.
Outra coisa que aprendi é que, para nós, o outro nunca será o que realmente é. O outro é, na verdade, aquilo que enxergamos nele. Nunca conheceremos o outro 100%, e nunca conseguiremos entender. Seja pro bem, seja pro mal. Não importa a convivência ou proximidade, nunca o outro será para nós o que ele é.
Convenhamos, nem nós mesmos nos conhecemos por completo, avalie as outras pessoas. Pois, do mesmo jeito que o que somos, e o que pensamos é externado pela fala, pela escrita, pelos gestos, o do outro também é. Ou seja, não é o que na verdade é, é transformado e codificado para ser externado.
Ah, e também não acredito na reciprocidade. Acho que isso não existe. Podem haver sentimentos fortes e verdadeiros, nunca duvide disso, mas nunca serão iguais. Você pode ter um amigo que você gosta muito, e ele, idem. Mas nunca será a mesma coisa, pois você enxerga, absorve e externa as coisas de um jeito, e ele, de outro. Os sentimentos não podem ser medidos de forma que se equiparem exatamente. Nunca é igual.

Sou louca. Sempre soube. Reciprocidade não existe e Jamanta não morreu.
Até a próxima!

sábado, 4 de julho de 2009

Olá pessoas do meu Brasil! Resolvi dar uma mudada aqui no blog, uma sacudida nesse visual, e ir pra rua com esse corpo moreno da cor do pecado. ( Para entender: http://www.youtube.com/watch?v=U2eWmfOlN6M&feature=related )

Como sempre, faço introduções distorcidas e nada a ver com o assunto que eu pretendo falar. Preciso mudar isso...
Não estou muito inspirada. Porém, e seguindo conselhos, resolvi tomar vergonha na cara e resgatar meu querido blog, que estava entregue às moscas. (Drama).
Pensei em outro assunto menos polêmico, mas a idéia de escrever sobre Michael já me consome há alguns dias. Eu sei que ninguém aguenta mais esse bla bla bla todo, mas enfim...

Não julgo. Não sei se posso. Li essa frase um dia desses e acho que ela se encaixa perfeitamente ao que eu penso sobre toda essa polêmica em torno do astro. Vamos às explicações: Michael começou a carreira de cantor bem cedo, ainda criança. Conheceu fama, dinheiro e sucesso enquanto era apenas um garoto. O sucesso foi tanto, que a carreira se estendeu por toda juventude e idade adulta do cantor. Sabe-se ainda que durante a infância ele sofria maus tratos do pai,etc.
O que eu quero explicar com isso é que eu entendo completamente que uma criatura dessa seja meio doida varrida e perturbada. Imagine o que é perder a infância fazendo shows, emendar essa carreira na juventude e seguir sendo o centro das atenções por toda a vida.
Nossa, eu entendo que essa foi uma escolha dele, de continuar com a fama. Mas imagine você no lugar dele. O cara praticamente perdeu a infância e juventude. Não teve muitos amigos, não brincou. Não saiu pra festas com os amigos. Não bebeu, fez merda e se arrependeu, enfim, não fez coisas normais que a maioria das pessoas faz. Quase todos que se aproximavam dele, era por puro interesse. Imagine você, sem poder sair na rua sem ser fotografado por milhões de paparazzis, enfim, sem vida social.
É totalmente compreensivel que uma pessoa assim fique meio louca, vide Britney Spears que começou a carreira toda lindinha cantando Sometimes e um tempo desses apareceu careca, drogada e louca.
Acho que isso tem muita a ver com a “abdicação” da vida social. Pessoas que alcançam grande sucesso quando ainda são novas perdem etapas importantes da vida, e depois tentam recuperá-las, tipo Michael Jackson e Neverland.
Claro que isso tem a ver também com o psicológico. Não estou querendo defender não, que eu não sei praticamente nada da vida de Michael, se ele é pedófilo, se deixou de ser, se tinha doença de pele, se quis deixar de ser negro, enfim.
O fato é que a maioria das pessoas julga os outros sem se colocar no lugar delas. E assim é bom demais.
Não julgo. Não sei se posso. E ainda bem que eu sou anônima.

Até a próxima!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Maria era uma mulher normal. Sim, normal durante 21 dias do mês. No outros nove? Nem queira saber.
Conheci Maria na fila do banco. Lá estava ela, cabelos soltos, uma blusa branca de botão como quem voltava do trabalho. Linda.
Era a última sexta-feira do mês, lembro-me como se fosse hoje: O banco lotado, gente saindo pela culatra na fila de pagamentos. Isso sempre acontecia comigo, de deixar as coisas pra última hora. Porém, como todo mundo, não admitia a culpa e a atribuía aos “Brasileiros”. Pensava comigo mesmo ao abrir a porta do banco e avistar aquele fuzuê todo “ Brasileiro deixa tudo pra última hora, que saco!”.
Eu não era Brasileiro naquela hora. Era uma pessoa muito compromissada que só arranjara tempo para os pagamentos naquele dia. Mas vamos voltar a falar de Maria...
Quando entrei na fila, notei que havia uma certa confusão, pois o caixa preferencial não estava funcionando, e as pessoas não estavam respeitando a ordem de preferências. Uma senhora tentou passar na frente de todos e levou um “NÃO” coletivo.
Que maldade! Pensei comigo. Mas por outro lado, achei até bom, pois estava chegando a minha vez de ser atendido e eu estava cansado e estressado como nunca. Ornofre, meu chefe, me enchera a manhã inteira com reclamações. Foda-se o Ornofre!
De repente, escuto uma voz se destacar na multidão:
- Isso é um absurdo! Essa senhora tem preferência, deixem-na passar na frente! Onde está o bom senso de vocês?
Era Maria. Linda. Apaixonei-me naquele instante. Que mulher sensível, quanta bondade no coração. É com uma mulher assim que quero me casar, pensei.
Maria conseguiu que a senhorinha passasse na frente de todos, a contragosto de alguns, diga-se de passagem.
Na saída do Banco, cruzei com Maria na calçada, e ainda meio sem jeito, a convidei pra sair. Para meu espanto, ela aceitou. Não que eu fosse feio, mas ela era daquelas Mulheres-incríveis-que-jamais-sairiam-com-você, compreende?
Porém, disse docemente que passaria o fim de semana com a mãe doente em uma cidadezinha do interior. Que mulher bondosa, quanta ternura em uma só criatura! Pensei mais uma vez.
Combinamos o encontro para a semana seguinte, e eu mal podia esperar.
Eis que chegou o grande dia. Iria conhecer mais a fundo aquela mulher maravilhosa, diferente de todas que já conheci. Nessa hora, lembrei de Valdete, minha ex-mulher. Aquela filha do cão. A insuportabilidade em pessoa. Devia tomar umas aulas com Maria, pensei.
Às 21:00, hora combinada, passei no prédio de Maria. Esperei 10 minutos, como de costume com todas as mulheres. E Maria não apareceu. Resolvi, então, ligar para seu celular:
- Alô, Maria?
- Quem é? - Disse Maria com uma voz raivosa.
- Oi Maria, sou eu, Roberto. Estou ligando só pra te avisar que já estou aqui embaixo do seu prédio!
- Puta merda! Saí de cima da minha roupa Willy! (Willy era o gato dela, soube disso posteriormente.)
- Alô, Maria? Tá me ouvindo?
- Claro, não sou surda. Já to descendo.
E desligou na minha cara.
20 minutos depois, Maria apareceu. Estava linda, parecia um anjo. Entrou no carro e disse:
- Desculpa pela demora...
- Não tem problema nenhum, Maria. Por você, esperaria todo tempo do mundo!
- Como assim, “por mim”? Você tem outras, é? – Disse Maria com uma voz dura.
- Não, não. Quis dizer que por você vale a pena esperar.
- Ah, sim! Porque se você fosse casado eu já ia pular fora do carro.
E partimos em direção ao restaurante. Nem podia acreditar que estava com Maria, aquele doce de mulher, tão diferente das outras...
Ao sentarmos na mesa, tentei puxar conversa:
- E aí Maria, como foi seu dia?
- Não teve nada de interessante. A idiota da manicure me arrancou um bife, derrubei café na blusa, discuti com minha irmã...
- Hum... foi? Que pena! Meu dia também foi meio ruim, meu chefe me cobrou uns relatórios atrasados...
- Roberto, você me chamou aqui pra falar de trabalho? Acho que não, né? – Disse Maria em um tom irônico.
Maria estava diferente. Onde estava aquela mulher doce e bondosa que conheci?
O garçom chegou, e me indicou seus melhores vinhos, dando-me um cardápio de sua adega.
- Vocês homens são todos iguais! Por que você deu o cardápio de vinhos apenas pra ele? Quanto machismo! E nós mulheres, não bebemos não, é? Onde estão nossos direitos? - Berrou Maria.
- Senhora eu já vou entregar o seu e...
- Senhora o cacete! Vocês homens só querem pisar em nós mulheres!
Envergonhado, o garçom se retirou. Consegui acalmar Maria por alguns instantes. Sim, por alguns instantes.
Depois de um tempo, nosso jantar foi servido. Ao dar a primeira garfada, os olhos de Maria se encheram de lágrimas.
- O que houve Maria, por que está chorando? Perguntei.
- Esse peixe... está igual ao que minha vózinha fazia! Ai que saudades da minha avó, quantas coisas boas eu vivi com ela, que mulher incrível...
E caiu no choro. Maria chorou durante uns 30 minutos e nada do que eu fiz ou falei adiantou.
Pedi a conta. Quando o garçom se aproximou da mesa, Maria segurou a mão dele e, em prantos, pediu desculpas pelo ocorrido:
- O senhor me perdoe, por favor! Não devia ter gritado daquele jeito! Mas é que eu tenho um trauma de infância e...
Maria não parava de falar. E de chorar.
Que merda estava acontecendo? Já estava perdendo a paciência. Cadê a mulher maravilhosa e doce que conheci?
Deixei ela em casa. Maria notou minha estranheza:
- O que você tem, Roberto? - Disse ela ainda enxugando as lágrimas.
- Nada não, Maria. Apenas achei estranha a forma como você se comportou hoje.
- ESTRANHA POR QUÊ? O que você tá insinuando com isso? Só porque eu não dei pra você no primeiro encontro? Vocês homens são todos iguais, uns ridículos! Eu já deveria esperar que com você não seria diferente!
- Maria, não coloque palavras na minha boca, eu não quis dizer isso...
- Ah, quis sim! Faça um favor: Não me procure mais!
E desceu do carro. Que mulher maluca!

Uma semana depois, meu telefone tocou:
- Alô, Roberto? É Maria...
- Oi, Maria! Tudo bem com você?
- Tudo ótimo e você?
- Tudo bem também.
- Roberto, gostaria de me desculpar pela semana passada, é que eu estava de TPM e...
- Estava com o quê?
- Tensão Pré Menstrual...

Desliguei na cara dela. Lembrei de Valdete, filha do cão. Maria não era diferente, lamentei. Filha do demônio! Odeio a TPM. Odeio as mulheres na TPM.


Escrevo esse post em comemoração aos mais de 570 cliques recebidos por este Blog! Obrigada por ocuparem o tempo de vocês lendo as besteiras que eu escrevo! hahaha.
Até a próxima!