segunda-feira, 15 de abril de 2013

- Chegou a hora de você ir.

- Mas eu tenho medo de voar - respondeu o pássaro.

- Não tenhas medo, pássaro - retruquei - você tem asas para isso.

- Mas eu esqueci como usá-las.

- Não tenhas medo pássaro - insisti - você tem asas para isso.

- E se eu não conseguir? Ah, tenho tanto medo de voar.

Abri a gaiola, peguei-o em minhas mãos e o ergui para o alto. Era fim de tarde e a brisa suavemente fria vinha nos mostrar que o outono realmente já estava por aqui. Olhei para o pássaro e percebi que, se antes tremia, agora admirava o entardecer com um brilho inocente nos olhos, como quem acaba de descobrir uma coisa nova.

- Voa pássaro - disse eu, abrindo a mão esquerda para que ele pudesse abrir vôo.

- Mas eu tenho medo de voar.

- O medo nos faz covardes, pássaro. Você, por ser pássaro, é diferente de todos os outros e possui o que muitos almejam desesperadamente. Não deixe a chance passar por conta do medo.

Ele olhou para mim, olhou para o horizonte e voltou a olhar para mim. Fiz um sinal com a cabeça e abri a mão direita.

- Estou voando, estou voando! - disse o pássaro já no ar.

Sorri de volta e acenei um adeus.

- Voa pássaro, você tem asas para isso.

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